Como saber se tenho dor neuropática?


Na Natureza, a dor é uma sensação de defesa, que indica ao cérebro que algo está danificando o organismo. Em condições normais, a dor se origina de alguma lesão ou inflamação em algum órgão. Quando isso acontece, sensores espalhados nos tecidos estimulam o nervo que conecta este órgão à medula. O sinal sobe do nervo periférico para a medula espinhal e daí para o cérebro, que interpreta a situação e busca uma solução para evitar a continuação do problema. A dor que sentimos é a interpretação que o cérebro cria desse sinal recebido, e serve para nos motivar a reagir de alguma maneira, seja fugindo do agressor, evitando usar um tornozelo torcido ou tirando a mão que está encostada em algo quente, por exemplo.

Dor neuropática é a dor originada de problemas nas vias sensitivas do sistema nervoso (nervos periféricos, medula ou cérebro), que resulta em sinais dolorosos anormais enviados ao cérebro, sem que ocorra uma lesão dos órgãos inervados pela via em questão. Nesta situação, a pessoa sente a dor na região coberta por aquele nervo, sem que nada de anormal esteja acontecendo por lá, como se fosse um alarme disparado por um problema no fio que conecta o sensor.

A dor neuropática se caracteriza por uma sensação de queimação, choque, pontadas, aumento da sensibilidade local, e dor ao estímulo de toque (fenômeno chamado de alodínia), nas regiões afetadas pela via nervosa em questão.

A impressão é de que a dor é sentida na superfície da pele, especificamente na área afetadas pela via nervosa em questão. Por exemplo, a dor do nervo pudendo pode ser sentida como uma queimação na região da pele da vulva/pênis ou períneo.

Existem diversas causas que podem ser responsáveis por estes sintomas. Dentre elas estão doenças infecciosas, provocadas por vírus ou bactérias que podem causar irritação ou degeneração dos nervos, como é o caso de neuralgias por Herpes por exemplo; traumas, acidentes fraturas ou cirurgias que podem lesionar as estruturas nervosas; doenças sistêmicas como diabetes mellitus que pode danificar os nervos quando em fase mais avançada; e até como consequência de deficiências nutricionais e alcoolismo, que podem interferir diretamente na condução do estímulo nervoso, causando dor.

É importante salientar que nem toda dor em queimação, choque ou pontadas é consequência de uma alteração neurológica. O diagnóstico da dor neuropática é muitas vezes desafiador e deve ser feito por um médico experiente durante uma consulta, através de perguntas específicas sobre estas características da dor e de sua história de surgimento, evolução e fatores de melhora e piora. Um exame físico cuidadoso, com testes de sensibilidade das áreas do corpo e de força muscular, auxilia na identificação do problema e do nervo acometido.

O tratamento será voltado para resolver o fator que causa a dor, mas isso nem sempre é possível. Além disso, nervos não se regeneram facilmente e, mesmo retirando-se o fator agressor, o nervo pode continuar funcionando de forma anormal.

Por isso, é muito importante não somente identificar a causa, mas controlar a dor, regulando a atividade da via nervosa afetada. Isso pode ser conseguido com medicações de uso tópico ou oral (como anestésicos locais, anticonvulsivantes, antidepressivos), com bloqueios nervosos e, eventualmente com cirurgias.

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