Dor de cabeça e seus diferentes tipos


Quem sofre de dores de cabeça frequentemente e/ou em alta intensidade sabe o quão prejudicial esta condição pode ser para o dia a dia, sendo capaz de limitar o rendimento no trabalho e muitas outras atividades sociais.

É importante saber que existem tipos diferentes de dor de cabeça. As mais comuns possuem etiologias muito parecidas, por isso, podem até coexistir numa mesma pessoa, só que em ocasiões diferentes. Chamamos de cefaleia primária aquelas que não são causadas por outra doença e, portanto, tem a sua própria fisiopatologia. Já a cefaleia secundária é proveniente de alguma lesão, trauma ou doença. Neuralgia, causadora de dores na face ou na cabeça, é aquela ocasionada por um dano ou disfunção de um nervo específico na região da face ou do crânio.

O que se vê em maior prevalência na população é sem dúvida a cefaleia primária, e a partir dela existem novas classificações. Vamos falar brevemente sobre os dois tipos mais comuns dentre as cefaleias primárias: a migrânea e a cefaleia do tipo tensional.

A migrânea, popularmente conhecida como “enxaqueca”, é definida como uma desordem neurológica caracterizada por episódios de cefaleia de forte intensidade acompanhada por outros sintomas, como náusea e/ou vômitos, e sensibilidade excessiva a estímulos sensoriais como, por exemplo, cheiros específicos, sons e luz.

O indivíduo com migrânea se queixa de não conseguir realizar esforço físico por conta do aumento da intensidade da dor. As tensões musculares na região do pescoço e da cabeça também podem acompanhar e permanecer após o período de crise de migrânea. A sua prevalência varia de acordo com o gênero e a idade, sendo mais comum em mulheres no início da fase adulta. Sendo assim, o seu impacto na produtividade pode ser alto e afeta não apenas o indivíduo, mas também toda a família e pessoas de seu convívio.

A cefaleia do tipo tensional é mais prevalente, acometendo entre 30% e 70% da população. Sua fisiopatologia ainda é pouco conhecida. Se caracteriza por ser de leve ou moderada intensidade, geralmente em aperto ou pressão. As pessoas que sofrem desse tipo de cefaleia usualmente relatam a sensação de estarem com uma faixa apertada na cabeça ou no pescoço ou de que a cabeça parece muito pesada.

Sintomas como náusea e sensibilidade excessiva a estímulos sensoriais também podem aparecer, mas para ser considerada cefaleia do tipo tensional o paciente deve apresentar sensibilidade apenas a um dos estímulos sensoriais entre visual e auditivo. Também é uma característica apresentar tensão e dor muscular na região do pescoço e da cabeça.

Por mais que seja difícil diferenciar esses dois tipos de cefaleia, isso nem sempre é um problema, pois o diagnóstico e os tratamentos da cefaleia do tipo tensional sobrepõem-se significativamente aos da enxaqueca.

Vale lembrar que o diagnóstico da doença deve ser realizado por um médico neurologista. Os exames de imagem e específicos de função cerebral são realizados apenas para descartar outras doenças, pois o diagnóstico é realizado a partir da história clínica, sintomas e exame físico. O tratamento também é realizado pelo médico neurologista, mas é recomendável que também seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, podendo assim conferir mais eficácia ao tratamento.

A fisioterapia tem um papel importante no tratamento da cefaleia, sendo capaz de amenizar os sintomas, identificar os possíveis gatilhos e orientar na readequação do estilo de vida durante todo o tratamento, garantindo maior conforto ao paciente e fornecendo a ele informações importantes para evitar ou amenizar os efeitos da cefaleia.  

Por Juliana Nucci Nogueira Prado - CREFITO-3: 174.677-F

Referências Bibliográficas

1.           Classificação Internacional de Cefaleias. 3ª edição. 2014.
2.           Kahriman A, Zhu S. Migraine and Tension-Type Headache. Semin Neurol. 2018 Dec;38(6): 608-618.
3.           Peter J. Goadsby, Philip R. Holland, Margarida Martins-Oliveira, Jan Hoffmann, Christoph Schankin, Simon Akerman. Pathophysiology of migraine: a disorder
of sensory processing. Physiol Ver. 2017 97: 553–622.