Câncer de próstata e avanços tecnológicos

cancer de próstata e avanços tecnológicos


“Bom dia, doutor! Hoje eu completei 50 anos e mesmo sem ter sintomas relacionados a parte urinária ou sexual eu resolvi vir ao consultório para realizar os meus exames de checkup”.

Esse seria um discurso ideal para um homem entre 40 e 50 anos durante uma consulta inicial com um urologista. Infelizmente, a realidade é que raramente os homens fazem exames preventivos, e quando vão ao médico, normalmente a situação é muito mais avançada.

Apesar de termos para esse ano uma estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer) de quase 60 mil casos novos com 15 mil mortes por câncer de próstata no Brasil, as alternativas de tratamentos têm avançado significativamente.

Os últimos 20 anos mostraram um progresso magnífico dentro deste campo. Hoje temos uma relativa segurança para reconhecer casos de evolução mais lenta e que podem ser acompanhados periodicamente sem um tratamento aplicado à próstata.

Robótica e câncer de próstata

robo da vinci

A respeito da cirurgia, pode-se afirmar que passamos a remover a próstata por meio de pequenas incisões e magnificação de imagens a partir de 1998 com a cirurgia laparoscópica pura. 

Já a partir de 2000 foram empregadas as mesmas incisões, porém com o auxílio do robô “da Vinci”, que aprimorou a delicadeza dos movimentos, a redução da tração, visão em 3D, uma perfeita ressecção do câncer visível com uma excelente preservação das estruturas do esfíncter urinário e dos nervos da ereção. 

Desta maneira podemos lidar com o câncer e evitar a perda de urina e a impotência sexual, complicações muito temidas pelos homens com diagnóstico de câncer de próstata. 

Vale lembrar que o robô utilizado hoje ainda é completamente operado pelo cirurgião, que necessita de anos de treinamento para obter bons resultados utilizando a tecnologia. 

Sistema no Brasil

Hoje no Brasil já temos 80 robôs cirúrgicos da Vinci, a maioria em hospitais privados, oferecendo o que existe de mais moderno no tratamento cirúrgico do câncer de próstata. 

O desafio futuro será aprovar esse procedimento pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), permitindo assim que os hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) possam adquirir a tecnologia e oferecer de maneira mais universal o tratamento. 

Novas plataformas estão sendo desenvolvidas e no ano que vem devem ser comercializadas no Brasil, permitindo uma maior redução de custo com maior acesso à população. 

Os sistemas têm evoluído ao integrar imagem de exames às imagens da cirurgia, o que denominamos realidade virtual, e que em breve futuro, associados a inteligência artificial obtida pelas informações acumulados de milhares de cirurgias já realizadas, que o robô possa guiar o cirurgião ou mesmo operar através de programação prévia. 

Com mais de 100 anos do denominado “século dos cirurgiões”, ainda vale a versão para o português da célebre frase de Joseph Lister, cirurgião do final do século XIX: “Estes são tempos de grande evolução para os cirurgiões”.

Por Dr. Marcos Tobias Machado - CRM-SP: 75.225