Bexiga Neurogênica é o termo genérico que compreende as disfunções do trato urinário inferior decorrentes de doenças neurológicas. Os sintomas da bexiga neurogênica podem ser bastante variados, dependendo do diagnóstico e do local do sistema nervoso que está acometido.
Áreas específicas do sistema nervoso controlam as funções de enchimento e esvaziamento da bexiga e o fechamento e abertura da uretra. Essa coordenação do sistema nervoso faz com que a bexiga acumule urina sem aumentar a pressão e que tenhamos o esvaziamento periódico voluntário.
A frequência de micção de uma pessoa com capacidade da bexiga de 400 a 600 ml deve ser a cada 3 a 4h, fazendo com que a bexiga esteja na fase de enchimento em 99% do tempo. O esvaziamento deve ser uma decisão consciente, influenciada pela percepção da bexiga cheia e por um momento socialmente adequado.
Dentre as manifestações mais comuns da bexiga neurogênica está a hiperatividade do detrusor, principal causa de incontinência de origem neurológica, manifestada pela urgência, aumento de frequência urinária e a perda involuntária (urgeincontinência). Este fenômeno pode ocorrer tanto por alterações das funções inibitórias centrais, quanto por aumento da sensibilidade dos terminais nervosos da bexiga.
Os mecanismos da hiperatividade podem ser muito diferentes a depender de sua origem no sistema nervoso central. Lesões cerebrais (corticais, acima da ponte cerebral) levam à perda do controle de inibição da contração involuntária (espasmos) da bexiga, já as lesões medulares acima da região sacral podem provocar a subida de reflexos medulares que desencadeiam espasmos, intensificados pela sensibilização de fibras nervosas que são sensíveis ao enchimento vesical.
As condições neurológicas também podem prejudicar a coordenação normal entre músculo detrusor e esfíncter urinário, a chamada dissinergia vesicoesfincteriana, que é umas das situações mais perigosas da bexiga neurogênica. A incoordenação vésicoesfincteriana se caracteriza pela contração simultânea da bexiga e da uretra. Isso causa um aumento excessivo da pressão na bexiga, que pode fazer com que a urina volte para os rins, favorecendo infecções e a deterioração da função renal.
A bexiga neurogênica flácida decorre de lesões mais baixas da medula (cone medular), raízes sacrais e nervos periféricos. Os sintomas da bexiga neurogênica flácida são sensação de esvaziamento vesical incompleto, dificuldade de iniciar a micção e jato urinário fraco e intermitente ou a retenção urinária completa.
Doenças como Parkinson podem levar a queixas urinárias de 38 a 71% das vezes, sendo a noctúria (aumento da frequência urinária noturna) a mais frequente. Quadros de demência causados por hidrocefalia de pressão normal, Alzheimer, demência vascular e frontotemporal, podem manifestar alterações urinárias precoces, principalmente por hiperatividade detrusora e por alteração cognitiva e comportamental. O que também ocorre nos casos de bexiga neurogênica causados por Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), principalmente quando atingem áreas específicas do cérebro como o lobo frontal anteromedial.
A Esclerose Múltipla é uma condição muito associada a queixas do trato urinário inferior, em 32 a 96% dos casos, as quais costumam aparecer nos primeiros cinco a seis anos da doença e têm sua prevalência aumentada ao longo do tempo. As queixas podem ser de enchimento ou esvaziamento vesical e os achados são, principalmente, de hiperatividade detrusora e incoordenação vesicoesfincteriana.
A lesão medular leva à hiperatividade detrusora e incoordenação de rápida instalação, associada ao aumento de pressão vesical, o que também aumentará os riscos de lesão e perda de função dos rins.
Existe também a Síndrome da Cauda Equina e as neuropatias periféricas que podem causar um quadro oposto, de hipoatividade detrusora e diminuição da sensibilidade vesical, levando a queixas de dificuldade de iniciar a micção, distensão vesical e perdas por transbordamento.
Apesar da bexiga neurogênica referir-se a sintomas do trato urinário inferior, suas complicações podem levar a prejuízo e riscos para o funcionamento do trato urinário superior (ureteres e rins), oferecendo um risco 5 a 8 vezes maior de falência renal do que na população geral.
O tratamento desses sintomas deve levar em conta, além da melhora da qualidade de vida, o controle e a preservação da função dos rins. E a condução destes casos deve ser sempre mediada por equipe multidisciplinar, que reúna neurologista, urologista/uroginecologista, fisiatra, fisioterapeuta e equipes especializadas em reabilitação.
Seu manejo deve ir além do tratamento da doença neurológica e visa ao controle das manifestações urinárias. Inicialmente pode ser feito com medidas comportamentais e mudanças no estilo de vida, combinadas com a fisioterapia pélvica. Quando indicados, associar com o uso de medicações específicas para o controle do músculo vesical (anticolinérgicos e beta-agonistas), a aplicação de toxina botulínica intramuscular, e o uso de eletroestimulação e neuromodulação que podem oferecer bons resultados. Já nos casos de dificuldade de esvaziamento, a orientação de cateterismo intermitente limpo é uma medida simples e transformadora para a melhora de sintomas e qualidade de vida.
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