O fisioterapeuta neurofuncional é o profissional responsável pela prevenção de agravos e recuperação da capacidade funcional das pessoas com condições clínicas que danificam o Sistema Nervoso Central (SNC) ou o Sistema Nervoso Periférico (SNP). Os distúrbios neurológicos podem prejudicar as funções cognitiva, sensitiva e/ou motora. O objetivo da fisioterapia neurofuncional é orientar e auxiliar o paciente a recuperar ou adaptar-se à falta destas funções, a fim de obter independência para desempenhar suas atividades da vida diária.
Conforme explica o Dr. Victor Croos Bezerra, especialista em fisioterapia neurofuncional, os distúrbios neurológicos podem ser ocasionados por doenças degenerativas, infecções, trauma, acidentes vasculares cerebrais ou medulares, distúrbios metabólicos ou tumores.
"O fisioterapeuta avalia o paciente e fornece à equipe multidisciplinar um diagnóstico neurofuncional. Os diagnósticos de todos os membros da equipe são discutidos para a elaboração dos objetivos do plano terapêutico. Neste contexto, a fisioterapia neurofuncional desenvolve estratégias para aprimorar ou reabilitar funções específicas como a coordenação motora, por exemplo", explica o profissional.
Alguns distúrbios neurológicos manifestam-se ainda na fase da infância/adolescência e, em alguns casos, perduram até a fase adulta. As situações mais conhecidas são: epilepsia, paralisia cerebral, distúrbio do comportamento, malformações cerebrais, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Há também distúrbios neurológicos funcionais que causam alterações de forma direta na ação do sistema nervoso central. Eles podem ser perceptíveis por alguns sintomas como a perda da força muscular, crises não epilépticas, dor crônica, alterações na marcha, tonturas, dificuldade de concentração e perda de memória recente.
Outro distúrbio neurológico apresentado pelo Dr. Victor Croos é o degenerativo, lesões que causam destruição progressiva dos neurônios, que é a característica de doenças como Parkinson, esclerose múltipla e distrofias musculares.
Dentre os principais sinais clínicos das doenças degenerativas, destacam-se: transtornos cognitivos; rigidez; tremor; instabilidade postural; bradicinesia (diminuição da velocidade dos movimentos devido ao comprometimento do controle motor) e alterações do tônus, postura e da marcha, que implicam no desempenho funcional e na independência.
Os distúrbios vasculares são causados pela obstrução ou ruptura de vasos sanguíneos, que interrompe o fornecimento de nutrientes ao sistema nervoso central. Dentre eles destacam-se o AVC (acidente vascular cerebral), o AVE (acidente vascular encefálico) e o acidente vascular medular (AVM). Em todos estes casos, o início do quadro é abrupto e, em geral, muito grave. O papel da fisioterapia neurofuncional começa já no período intra-hospitalar, como o intuito de prevenir complicações, e continua na fase crônica das lesões, buscando a recuperação e adaptação de funções.
“A reabilitação do indivíduo com um distúrbio neurológico depende, primeiramente, do quadro motor e da alteração neurológica apresentada, e também de uma equipe multidisciplinar com avaliação centrada no paciente. Do ponto de vista motor, a fisioterapia neurofuncional tem papel fundamental na reabilitação, por promover a independência das atividades de vida diária e melhora na qualidade de vida”, explica o Dr. Victor Croos Bezerra.
O profissional lista algumas técnicas e recursos terapêuticos utilizados na fisioterapia neurofuncional que auxiliam no tratamento de determinadas funções:
- Hidroterapia: exercícios em uma piscina aquecida que auxilia no tratamento de algumas condições físicas e lesões;
- Gameterapia: utilização de jogos de videogame em sessões de fisioterapia;
- Conceito Bobath: melhora o movimento e a mobilidade em pacientes com danos no sistema nervoso central;
- Cinesioterapia: fortalece os músculos, promove equilíbrio e previne alterações motoras;
- Eletroterapia: uso de pulsos elétricos de baixa intensidade que auxiliam no controle da dor.
